A Defensoria Pública do Estado de Sergipe, através do Núcleo de Defesa da Mulher – NUDEM, vem realizando palestras de conscientização sobre o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher para os pais, alunos e professores de escolas públicas.
A Escola Municipal de Educação Infantil Professor João Batista Douglas, situada no Bairro Santa Maria e Escola Municipal Olavo Bilac, situada no Bairro Cidade Nova, receberam a equipe da Defensoria Pública do Estado de Sergipe, composta pelas Defensoras Públicas Elvira Lorenza e Richesmy Libório, bem como os psicólogos Syrlene Besouchet e Rafael Almeida.
Para a defensora pública e coordenadora do Núcleo da Mulher, Elvira Lorenza, o enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher é necessário para a efetiva igualdade entre homens e mulheres na sociedade. “A luta contra a discriminação em relação à mulher é mundial. A nossa proposta é trabalhar de forma preventiva, orientando não só os pais e estudantes quanto à Lei Maria da Penha, bem como os educadores, mostrando sobre como a escola pode ajudar as mulheres em situação de violência”, explicou.
A diretora da Escola Municipal de Educação Infantil Professor João Batista Douglas, Rosilda Conceição Rodrigues, disse que o maior objetivo da escola é trabalhar e conscientizar os pais de alunos sobre a violência doméstica. “Devido à vivência com a comunidade, buscamos a Defensoria Pública para ministrar uma palestra sobre violência contra a mulher em virtude das histórias que ouvimos das próprias crianças que comentam diariamente nas salas de aula o que vivenciam em casa. Devemos trabalhar não só o pai para que ele não cometa esse crime de violência, mas também a mãe para que ela possa denunciar as agressões. Nosso foco maior é a criança, por isso, nos preocupamos em trazer para a escola a equipe da Defensoria Pública. As famílias que moram nesses bairros passam por um grande problema social e a situação financeira contribui para o aumento do índice de violência doméstica”, afirmou.
A auxiliar de serviços gerais, Clésia Mendes dos Santos, apontou a falta de informação como um dos problemas que mais contribuem para o crescimento da violência e o medo de a mulher denunciar o agressor. “Todo tipo de informação é sempre bem-vindo. Infelizmente nós erramos por falta de informação e palestras como essa é importante para incentivar a mulher a denunciar e buscar os seus direitos. As defensoras públicas e os psicólogos abordaram a violência de uma forma esclarecedora, pois muitas vezes não sabemos o que fazer e denunciar, mas nos retraímos por não conhecer melhor os nossos direitos. Achamos que a agressão é só física, mas a Defensoria Pública mostrou que é também psicológica, patrimonial e sexual”, destacou.
Clésia Mendes criticou a abordagem de alguns policiais com as vítimas de violência doméstica quando buscam a proteção policial. “A polícia, muitas vezes, não dá importância quando a mulher vai denunciar e policiais acabam fazendo piadas como “você tem certeza?”, “basta você ficar com ele e dar mais carinho”, “ele não faz esse tipo de coisa”, “é amor demais que ele sente e, por isso, tem ciúmes de você”, então a mulher ouve isso e fica com o psicológico abalado e acaba decidindo não denunciar porque não encontra amparo e segurança na própria instituição de segurança, o que contribui para acontecer o pior que é o homicídio. As mulheres só sentem mais segurança quando encontram nas delegacias mulheres delegadas. É preciso que os órgãos instruam mais os policiais com relação a forma de agir e os procedimentos. Infelizmente as mulheres não denunciam má conduta dos policiais por temerem represálias”, lamenta.
Segundo a técnica de Nutrição, Adriana Mesquita, a palestra possibilitou que muitas mães conhecessem melhor os seus direitos. “Achei uma palestra esclarecedora e que contribuiu para que as mulheres tivessem a oportunidade de saber que violência não é somente física, mas psíquica. A impunidade aos agressores eleva ainda mais o índice de violência e infelizmente a mulher não busca ajuda porque alguns órgãos de proteção à mulher contam com profissionais despreparados. Ao invés de a mulher encontrar apoio, infelizmente se depara com a discriminação quando é perguntada o porquê continua com o parceiro ou se não sabia se ele era assim, por isso, acaba desistindo de denunciar”, disse.
De acordo com o operador de máquina, Everton de Menezes Santos, o que foi abordado durante a palestra deve ser uma orientação diária. “Essa palestra foi uma experiência única não somente para as mulheres, mas também para nós homens. Essa orientação deve ser diária para que os homens possam tratar melhor suas mulheres, afinal, a mulher merece nossa atenção e cuidado. Ao invés de agredir fisicamente e verbalmente vamos cuidar melhor das nossas mulheres. Agradeço à Defensoria Pública do Estado pela oportunidade de assistir uma palestra como essa e que os homens busquem a Deus e o conhecimento, através da ajuda de profissionais capacitados para que possam aprender e valorizar mais suas mulheres. Deus disse que devemos amá-las e não maltratá-las”, enalteceu.
“Descobri através dessa palestra que xingamentos são considerados violência. Não sabia que a Defensoria Pública fazia esse trabalho de conscientização e achei essa iniciativa ótima e muito importante. As mães estão saindo conscientizadas dos seus direitos. Cheguei cansada, mas valeu a pena”, destacou a vendedora, Aclaildes dos Santos.