Mesmo após anuncio feito pela Presidência da República, mobilização seguirá a todo vapor
Foi anunciado, na terça-feira (21), pelo presidente da República Michel Temer, que servidores públicos estaduais e municipais ficarão de fora da PEC 287/2016, que trata da Reforma da Previdência. Os servidores federais e os trabalhadores de empresas privadas continuam incluídos na proposta de reforma, como antes. Segundo Temer, caberá aos Estados e municípios avaliar se mudarão as regras da aposentadoria dos seus servidores, como professores da rede pública de ensino e funcionários da administração pública.
Apesar do anúncio, a ANADEP deliberou que continuará a atuar em todas as frentes e seguirá com a estratégia já definida, pois ainda não se sabe como se concretizará tecnicamente essa pretendida exclusão. “Estamos mobilizados na Casa e acompanhando todas as movimentações em relação à Reforma da Previdência para evitar eventuais retrocessos. Mesmo que só atinja servidores públicos federais, a PEC pode, por via reflexa, atingir futuramente os servidores públicos estaduais com normas extremamente prejudiciais às justas expectativas de direitos e projetos de vida de cada um e cada uma", pontuou o presidente da ANADEP, Antonio Maffezoli.
Durante as atividades legislativas dessa semana, o grupo tem solicitado apoio às emendas da ANADEP – 80, 81 e 82 – apresentadas pelo deputado Lincoln Portela (PRB/MG). As emendas são abrangentes e têm por objetivo minorar os efeitos do texto original, não apenas para a categoria, mas para os trabalhadores como um todo. Entre os principais pontos dos documentos destacam-se: cálculo da pensão por morte; cálculo do benefício da aposentadoria por incapacidade permanente e da voluntária e regras para a readaptação.
A ANADEP também tem trabalhado pela aprovação das emendas apresentadas pela FONACATE e pela FRENTAS, que tratam das regras de transição aplicável a todos os atuais servidores públicos, sem corte etário; idade mínima diferenciada para mulheres e homens; e redução do tempo de contribuição mínimo para a aposentadoria integral.
Outra linha de atuação tem sido a entrega de nota técnica aos deputados da Comissão Especial, para destacar o necessário tratamento isonômico entre as carreiras da Defensoria Pública, Ministério Público e Magistratura, inclusive no tocante à Reforma da Previdência Social. Conforme os defensores, "só o tratamento igualitário entre estes atores gera um amplo e eficiente acesso à Justiça."
Além disso, também está sendo finalizada a contratação de um jurista para elaborar um parecer jurídico para reforçar a defesa da tese da simetria constitucional.
A mobilização segue a todo vapor na Câmara na próxima semana.
Tramitação
Protocolada em dezembro do ano passado, a Reforma da Previdência está sendo discutida na Comissão Especial da Câmara dos Deputados em audiências públicas. A partir do dia 28 de março, o relator da matéria, deputado Arthur Maia (PPS-BA), deve analisar todas as emendas apresentadas ao texto e decidir se elas entram ou não em seu relatório final. Ao todo, mais de 130 documentos foram apresentados.